segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Felinicidade

vou contar uma histórinha. nas férias passadas (leia-se mês de julho) um serzinho branco de manchas amarelas e pretas de pouco mais de 30 cm apareceu na garagem, fazendo um estardalhaço danado. além de se enfiar embaixo das rodas do carro do meu pai, cismou de ficar lá durante um tempo indeterminado à contagem de tempo usada pela raça humana, o que se deu numa exasperada vontade no meu pai de dar um fim ao felino em questão (o que logo depois também foi constatado que o tal felino era um felino fêmea ou uma felina, mas eu não tenho certeza se essa palavra existe, então whatever).

de um salto consegui tirar a criaturazinha da garagem, salvando-a. ela, tão dócil quanto uma javali-mãe protegendo seus filhotes. a gata arranhou-me in-tei-ri-nha, queria porque queria vingar-se de não sei o que em mim, talvez das injustiças sociais que ela sofrera por parte daquela conhecida população que não gosta de gatos, e por sua mãe, esta que não pode prover o sustento necessário aos seus rebentos e portanto deu-se no direito de largá-los. ou o dono da desconhecida progenitora fez o serviço sujo pelo motivo ultra-citado, enfim, voltando ao assunto, depois de ter me esquivado de suas perigosas unhadas, tratei de alimentá-la pois ela, como uma vira-lata legítima beirava a anorexia compulsória. tive dó neste momento. meu coração fica ultra dolorido em duas situações: a primeira é ver bichinhos passando fome na rua e a segunda é quando a cerveja não gelou o suficiente no freezer.

depois de seis meses, meu amor felino continua firme e forte aqui em casa pois eu sei que ela me ama reciprocamente. talvez de uma forma diferente, eu sei. ela é a primeira gata que eu tive. confesso que não era tão ligada nesse bichinho, mas aí quando ela vem de mancinho, e cai na minha graça, no meu charme, fica tão fácil.

pra terminar, uma pílula de sabedora, mesmo sendo do Bukowski, que embora gênio para alguns, eu só considero superestimado ou só um velho tarado que tinha um bloquinho de anotações, mas que adorava escrever sobre gatos. especialmente sobre os nove com quem ele dividia seu apartamento.

"É bom ter um monte de gatos em volta. Se você está mal, basta olhar pra eles e fica melhor, porque eles sabem que as coisas são como são. Não tem porque se entusiasmar com a vida, e eles sabem. Por isso, são salvadores. Quantos mais gatos um sujeito tiver, mais tempo viverá. Se você tem cem gatos, viverá dez vezes mais que se tivesse dez. Um dia, isso será descoberto: as pessoas terão mil gatos e viverão para sempre."
- Charles Bukowski

postado ao som de: ritchie - fala (por osmose)

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