quarta-feira, 3 de junho de 2009

Teoria da mulher previsível

Conversando com uma grande amiga minha, a Fer, chegamos à conclusão de que há dois tipos de mulheres: a mulher normal, com seus defeitos e qualidades (poderia dizer anormal também, visto que a anormalidade é mais comum do que se pensa, aquele tipo de mulher que não é sonsinha, nem muito menos abre a boca quando o mínimo pedido é ficar em silêncio), e existe também a mulher previsível, a qual todos os seus atos, vontades e desejos são tão previsíveis quanto achar água salgada no oceano.


Ok, que minhas metáforas hoje estão tão péssimas, ou, digamos, "previsíveis".


Mas outro dia eu falo mais dessa teoria, tão aplicável nos dias de hoje, porque agora eu vou ao cinema.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um dia de protesto

Protesto às segundas-feiras preguiçosas, ao leite congelado na geladeira quebrada, à exaltação da virilidade masculina, como se homens não tivessem o direito de serem sensíveis. Protesto ao cheiro de picaretagem que infesta os departamentos da faculdade, à idiotice que emana de alunos igualmente idiotas, e a quantidade de pérolas proferidas pelos mesmos. Protesto a bagunça que eu não consigo arrumar em meu quarto, à louça sem lavar, à roupa suja jogada no canto da lavanderia, ao meu celular perdido, a enorme quantidade de coisas para fazer, mas por hábito, as deixo para última hora, como trabalhos e exercícios de inglês. Protesto a inutilidade proferida por alguns seres contando do último "bafão" da semana, ao lixo sonoro vindo de carros "tunados", com motoristas que adoram lixos sonoros típicos de carros tunados. Protesto à falta de respeito de motoristas de ônibus que não param para idosos; a completa falta de higiene de pessoas passando fio dental nos dentes ao lado do bandejão. Protesto a pessoas que rasuram, riscam e estragam livros da Biblioteca. Protesto a pessoas que abrem as janelas dos ônibus com ar condicionado, por mim, tiraria toda essa mordomia daqueles que não sabem aproveitar.

Protesto à normalidade irritante, ao cotidianinho medíocre de menininhas de classe média; ao telefone que toca; ao telefone que não toca. Protesto àquele "tudo bem?" que não é mais ouvido como uma pergunta de preocupação, mas como um simples cumprimento. Protesto ao politicamente correto, protesto!

Protesto ao péssimo atendimento das imobiliárias, que só sobrevivem porque nós dependemos deles. Protesto ao mal hábito do excelentíssimo senhor da Seção de Graduação de sempre atender a todos com aquela expressão linda de "durmo de calça jeans há 10 anos". Protesto ao dono da banca de jornal que não me deixa ler gibis antes de comprá-los. Protesto aos preços absurdos de livros e cd's. Protesto à RIAA por tanta hipocrisia. Protesto àqueles que pensam que mulher possui preferências inatas, que mulher deve gostar de rosa, e não do azul e odiar qualquer coisa que envolva as palavras "astronomia"/"video-game"/"mitologia".


Protestar é uma forma válida de libertação.

Ouvindo: Massive Attack - Man Next Door

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Coisas que te irritam pt I (de XLVII)

Estava eu no ônibus sentido Carmo-Campus, já passando pela catraca quando me lembro que não tinha mais passes no meu cartão magnético. Ok. Abro a carteira e tiro uma nota de 5, a única, aliás. A mulher me olha, e com a maior calma do mundo vai tirando moedinha por moedinha até completar meu troco, que no final enchia minha mão de moedas das mais variadas quantias. Isso quando já tocava uma droga de alarme e a mulher, com a maior cara de CÚ da história, me diz:
- Corre, que senão você vai perder tua passagem.
Q?
Primeiro, eu tava esperando a merda do troco, que se não fosse por isso eu não ia ficar igual uma monga pra segurar um saco de moedas de 10 centavos enquanto me segurava pra não cair com o movimento do ônibus, simplesmente ia passar a porcaria do cartão e ela não ia mais ver minha cara. Eu não ia perder porcaria nenhuma. A culpa é toda sua e da sua lerdeza. E outra, por que raios uma pessoa aperta o botão de passagem sem antes receber o dinheiro, sendo que não tinha ninguém atrás de mim que justificasse a pressa para que eu saisse do caminho? Sei lá, vai que eu sou uma salafrária cheia de notas falsas de cinco reais na carteira, ninguém pode saber.
No final, acabei sentando num banco e pondo aquele meu disco favorito do Fantomas, o Director's Cut, pra ouvir no mp3 player. Mike Patton owna minha vida.
Ouvindo: Fantomas - The Omen (Ave Satani)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Blogchiatrist

Oi, meu nome é Karina e tenho 21 anos.
Oi, meu nome é Karina e eu gosto de qualquer coisa com ketchup.
Oi, meu nome é Karina e eu como todos os vegetais e frutas.
Oi, meu nome é Karina e eu planejo uma alimentação saudável.
Oi, meu nome é Karina e eu gostaria de ter feito Ballet.
Oi, meu nome é Karina e eu quero aprender a tocar todos os instrumentos musicais.
Oi, meu nome é Karina e sei tocar um pouco violão.
Oi, meu nome é Karina e eu coleciono hq's.
Oi, meu nome é Karina e eu acho o óbvio e o comum tão irritantes!
Oi, meu nome é Karina e eu prefiro a noite ao dia.
Oi, meu nome é Karina e eu estudo em outra cidade.
Oi, meu nome é Karina e eu pretendo morar na capital.
Oi, meu nome é Karina e eu tenho um Twitter.
Oi, meu nome é Karina e eu aprendi recentemente o que faz um "Ornitorrinolaringologista".
Oi, meu nome é Karina e acho toda a obra do Will Eisner o "masterpiece" da arte.
Oi, meu nome é Karina e eu prefiro levar a dar um pé na bunda.
Oi, meu nome é Karina e eu gosto de música clássica.
Oi, meu nome é Karina e eu ri de cair lágrimas quando descobri a existência da saga de "Wagner & Beethoven".
Oi, meu nome é Karina e eu estudo em uma Universidade Pública.
Oi, meu nome é Karina e eu não aguento ouvir falar em "Socialismo" nos dias atuais.
Oi, meu nome é Karina e eu sou meio nerd.
Oi, meu nome é Karina e meu humor é um bocado peculiar.
Oi, meu nome é Karina e eu odeio salões de beleza e mulherzices em geral.
Oi, meu nome é Karina e eu ainda assim sou vaidosa.
Oi, meu nome é Karina e eu sou míope.
Oi, meu nome é Karina e eu sou boa ouvinte, embora raramente as pessoas colaborem para que meus ouvidos ouçam coisas agradáveis e/ou úteis.
Oi, meu nome é Karina e estou pensando em participar de um grupo de estudos.
Oi, meu nome é Karina e eu gosto de conversar com as poucas pessoas de quem eu gosto.
Oi, meu nome é Karina e moro com pessoas incríveis.
Oi, meu nome é Karina e já me ferrei bastantão com pseudo-amigos.
Oi, meu nome é Karina e ainda tenho um pouco de fé na humanidade.
Oi, meu nome é Karina e eu creio em Deus, independentemente de qualquer coisa.
Oi, meu nome é Karina e tenho amores platônicos.
Oi, meu nome é Karina e a maioria deles eu acabo esquecendo rapidamente.
Oi, meu nome é Karina e o meu gênero de metal favorito é o Doom Metal.
Oi, meu nome é Karina e eu tenho mais amigos que amigas.
Oi, meu nome é Karina e eu prefiro assim.
Oi, meu nome é Karina e eu gosto do meu nome.
Oi, meu nome é Karina e eu tenho sobrenome de pessoa rica, mas não tenho um tostão no bolso neste exato momento.
Oi, meu nome é Karina e o seu não!
Oi, meu nome é Karina e gostaria de conhecer o Kevin Smith.
Oi, meu nome é Karina e o meu Perpétuo favorito é a Morte.
Oi, meu nome é Karina e eu sempre faço dramas existenciais.
Oi, meu nome é Karina e pretendo trabalhar em Editoras.
Oi, meu nome é Karina e eu tenho uma boa coleção de livros.
Oi, meu nome é Karina e eu compro livros demasiadamente, mas nunca sobra tempo para que eu os lesse da maneira que gostaria.
Oi, meu nome é Karina e eu faço o meu melhor, ainda que poucas pessoas ainda dêem créditos a isto, ou ao valor de pequenas coisas.

ouvindo: lungfish - nation saving song

domingo, 26 de abril de 2009

hi, i'm 21 and I don't feel nothing.


ontem eu tava conversando com uma amiga de BH sobre o quanto essa época pré-aniversário (ou o que os místicos se referem a "Inferno Astral") é definitivamente uma bosta. primeiro que eu não sou uma pessoa exotérica (é assim que se escreve ou não?), nem ao menos sei o signo do meu pai por exemplo e soube que sou Taurina porque alguma boa alma me informou que o signo de Touro pertence a alguém nascido no final de abril. segundo, eu nem entro no mérito astrológico x astronômico da coisa, isso é óbvio, o primeiro não tem valor científico nenhum perante o segundo. mas olha que gozado né, há dois anos pra cá eu sinto o mesmo vazio dias antes de aniversariar, como se o fato de ficar mais velha e ganhasse dois quilos a mais por ano fizesse uma graaaande diferença. acho que isso significa que eu deveria ler Nietzsche.

daí que, voltando ao assunto, essa mesma amiga me recomendou o Personare, um site especializado em mapa astral e numerologia e o diabo a quatro e eu resolvi me inscrever pra ver qual é, pra ver o que os astros (lol) me dizem sobre isso. aí está, grifando as partes mais absurdas:

"Em nosso aniversário a vida se renova, pois entramos em nosso "ano novo pessoal". As atenções se voltam para nós, resgatamos nosso brilho de alma. É claro, aproveitar ou não este momento depende de você.

Que tal fazer resoluções para este novo ano que se inicia? Eu sei, você dirá que muitas outras vezes no passado você fez resoluções e planos que não conseguiu cumprir. Isso realmente é chato, e pode lhe tirar o estímulo, mas você já parou para pensar o que está por detrás das resoluções que não se tornaram reais?

Em primeiro lugar, e acima de tudo, é preciso considerar a qualidade natural do ano, Karina. A palavra "considerar" vem do latim "considerare", e significa "estar com o céu". Antes de fazer planos, é preciso verificar qual é a qualidade do céu para aquele ano! Pois a cada aniversário ganhamos um "mapa astral novo", um mapa simbólico que aponta as correntes mais rápidas e adequadas para se navegar no rio das nossas vidas.

Uma coisa é certa, Karina: neste período do seu aniversário, sua força pessoal se renova. Você está realmente com um poder maior para realizar seus desejos, intentos, interesses. Mas não são quaisquer intentos. É preciso ouvir o céu, saber ler o que os planetas estão dispondo para você neste ano. E existe uma forma de fazer isso: é conhecendo a sua REVOLUÇÃO SOLAR, uma interpretação astrológica que vai de um aniversário ao outro, revelando as predisposições naturais para este ano em específico. Que tal fazer as resoluções certas desta vez, considerando o que o céu dispõe?"

gostaria de salientar que isso me deixou absurdamente mais otimista. ainda mais sabendo que estou prestes a encontrar minha Revolução Solar, ou o que raios isso significa, anyway.

ouvindo: Neurosis - Locust Star

sábado, 11 de abril de 2009

Gramaticalizando

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.

Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

[redação feita por uma aluna de Letras da UFPE, que venceu um concurso promovido na área de Gramática da Língua Portuguesa].

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Minha vida é uma novela mexicana...

Com roteiro ruim, dramalhões existenciais, show de interpretações e vilões no estilo Paola Bracho.

ouvindo: Chavez - Unreal is real

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

PERDIDOS

Ok, vou relevar que o é fã de Lost, e ir direto ao ponto.
Em um dos posts anteriores citei essa série pra fundamentar essa procura dos roteiristas por teorias da conspiração, que bem ou mal seguram o telespectador em frente a telinha. nada mal, já que a série atualmente está na quinta temporada. veja, antes da quinta temporada aconteceu MUITA coisa. seguindo uma ordem não-cronológica da coisa, tudo começa no acidente de avião que os trouxe até a ilha. mais tarde, o Ethan sequestra a Claire, em meio a flashbacks da vida dos sobreviventes, como os de Locke com seus pais biológicos (fato um pouco mais explicado mais tarde), enquanto a Claire tem o filho dela, o Michael (é ele mesmo? i don't remember) é envenenado, o monstro da fumaça aparece, o aparecimento do urso polar (como se fosse muito bem explicável um urso polar aparecer em uma ilha tropical se não fosse por uma idéia tirada de uma bad trip do redator do seriado), se descobre a existência dos Outros (antigos habitantes da ilha, incluso o Ethan), Locke que parou de andar, na verdade teve PARALISIA PSICOLÓGICA e voltou a andar mais tarde (dã, isso foi o fim), isso acontecendo enquanto uma centena de coisas começam a se desenrolar a partir do cotidiano deles, dos motivos que eles encontram para estar na ilha fingindo ser explicados pelos malditos flashbacks enquanto nós, telespectadores idiotas que somos, bolamos teorias sobre as viagens psicotrópicas destes mesmos roteiristas, que não satisfeitos em colocar um monte de dúvidas em nossas massas cinzentas, ainda fazem o desfavor de não explicar o estritamente necessário . Isso porque eu citei só parte da primeira e segunda temporada...
Vou ser bem franca afinal: Lost é tipo um episódio lindo para dois chatíssimos. Ou seja, FRUSTRA.

Infelizmente, Heroes, que eu também assisti, está indo pelo mesmo caminho. A segunda temporada é insuportável.

Pra dar mais embasamento à minha linha de raciocínio vou postar alguns argumentos que eu encontrei na comunidade do Orkut "Eu odeio Lost". Sim, acho que encontrei alguém tão mais ocioso quanto eu...
Texto longo, porém embasado. vale a pena sua leitura.

"Lost tem GRAVÍSSIMOS problemas. E boa parte deles são problemas estruturais" mesmo, quer dizer, não podem ser "consertados" pois surgem da própria natureza do seriado.

Por exemplo, alguns deles, sem pesquisar muito ou entrar em minúcias de cada episódio (e para os fãs não virem me encher o saco, vou colocar apenas fatos aqui, sem entrar no campo das opiniões, ou dos "na minha opinião..."):

* FATO: Lost é uma série extremamente lenta.

A própria construção do seriado impede que seja um show muito dinâmico - os flashbacks ocupam mais de 50% do tempo de episódio.

Mas pra piorar existe uma imensa falta de ousadia dos produtores. Por exemplo, no último episódio da 1a. temporada de Arquivo X nós vemos um FETO DE ALIEN!!!! Compare esta descoberta com o que nós vemos no último capítulo da 1a. temporada de Lost...

* FATO: Lost é repetitivo.

Na 1a. temporada Sawyer quer a todo custo pegar um javali, em um dos episódios. Na 2a. ele quer... Bem, quero deixar esse tópico spoiler-free mas quem já viu o 2.14 já sabe...

Na 1a. temporada Kate faz de tudo pra recuperar um aviãozinho perdido. Na 2a., no episódio "And Found"... Continuo querendo deixar esse tópico spoiler-free mas quem já viu, já sabe...

Na 1a. temporada a Claire é sequestrada e todo mundo quer achá-la... Na 2a. é a vez de [SPOILER] levar exatamente o mesmo fim... E a mesma trama volta à tona...

* FATO: Lost é um seriado extremamente aberto a novos conceitos e cruzamentos de gênero dramático. A ponto de se não ter a menor base do que é realista ou não dentro do universo proposto pelos roteiristas.

Traduzindo pra ficar mais claro:

Lost tenta com tanta vontade ser uma série que não se enquadre em um gênero (por exemplo: thriller, ficção científica, etc) que tudo nela é aceitável: Alguém se surpreenderia se o exército fosse o responsável pelo que acontece na ilha? Com certeza não. E se fossem Aliens? Também não... E se fosse alguma força divina ou incompreensível, feito um sonho coletivo por exemplo? Também já foi uma teoria proposta...

Pô, até desenho do pica-pau tem um universo auto-contido. Se aparecesse o Leôncio sodomizando a pobre ave, a gente ía parar e dizer: Ôpa, tem alguma coisa errada aí!

Já em Lost, logo, logo, podem começar a aparecer círculos na plantação... E ninguém poderá dizer "Nussa! Que porra é essa caraio!?!!?" porque a série criou um universo tão aberto que simplesmente TUDO que alguém imaginasse seria aceitável...

* FATO: Lost tem MUITOS enigmas que só são enigmas porque os escritores ESCONDEM INFORMAÇÃO BÁSICA DA AUDIÊNCIA!

O sexto sentido foi bem feito, se você rever o filme pode notar que TODAS as pistas estão lá, a gente só não pega o segredo de cara porque nós não fomos capazes.

Agora em Lost... Quem já sabe a resolução do enigma do Pai do Jack, por exemplo, sabe que aquilo só se tornou um enigma porque os roteiristas ocultaram uma informação básica da audiência no flashback dele no aeroporto...

Pra resumir o conceito de modo que vocês possam aplicar a outras séries e filmes por aí: UM MISTÉRIO QUE SÓ PERMANECE MISTÉRIO PORQUE O DIRETOR *ESCONDE* INFORMAÇÃO ÓBVIA DA AUDIÊNCIA NÃO É UM MISTÉRIO, É NO MÁXIMO UM TRUQUE DE "ILUSIONISMO DRAMÁTICO"!

* FATO: Lost não recompensa os fãs por sua audiência.

Todo mundo se sentia feliz quando a Smurfete era salva do Gargamel no final de cada episódio dos Smurfs, certo?

Isto se chama "recompensa dramática", isto é, o mocinho beijando a donzela no final de um filme de amor é a recompensa que a audiência recebe por ter acompanhado toda a odisséia.

E isto deve ocorrer sempre, em toda série! Do contrário quem assiste se sente "traído", enganado, e como se tivesse "perdido seu tempo" acompanhando a série ou filme.

É por isso que "A Bruxa de Blair", "Mar Aberto", "Cidade dos Sonhos", etc, estão entre os filmes mais odiados por boa parte dos cinéfilos...

E lost é o seriado que menos se preocupa com esse aspecto, entre todas as séries já feitas!!!!

Lost frustra a audiência em uma pequena escala - TODOS os episódios terminam em um "cliffhanger", sem resolução alguma...

E Lost também frustra a audiência na macro escala - Alguém que tenha assistido apenas o 2.01 e 2.02 por exemplo, sabe o mesmo tanto sobre o que há na escotilha que alguém que acompanha a série religiosamente, toda semana, desde o 1.01 até o 2.14...

Por quê eu deveria acompanhar a série se dará na mesma se eu simplesmente assistir o primeiro capítulo de cada temporada, 1 ou 2 do meio, e o último?

E finalmente, os 2 problemas principais:

1 - LOST NÃO TERÁ RESPOSTAS!!!!

FONTE: http://www.tvguide.com/news/askausiello/

Will we get any clarification about the numbers this season?

Damon: Carlton might want to punch me for actually going on record and saying this, but I think that that question will never, ever be answered. I couldn't possibly imagine [how we would answer that question]. We will see more ramifications of the numbers and more usage of the numbers, but it boggles my mind when people ask me, "What do the numbers mean?"

TRADUÇÃO:

GUIA DA TV: Nós teremos alguma resposta sobre os números nesta temporada?

R: O Calrton vai querer me dar um soco por dizer isto mas eu acho que ESTA PERGUNTA NAO SERÁ NUNCA, JAMAIS, RESPONDIDA. Como já disse o sábio criador da "Odeio Lost !" no Orkut (nota do tradutor: alguns elementos foram incorporados ao texto para fins de auto-promoção) EU NÃO SERIA CAPAZ DE IMAGINAR [COMO A RESPOSTA A TAL PERGUNTA SERIA] Nós veremos mais ramificações, bla, bla, bla

2 - Os fãs são os maiores lemmings do planeta! Não existe alguém que aceite tudo mais passivamente que um fã de Lost.

Qualquer coisa a resposta genérica é:

Isto será respondido no final! Que graça teria se a série respondesse todos os enigmas agora!?"

"É, Locke, tenho de reconhecer, agora phodeu..."

ouvindo: pizzicato five - baby love child

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Aborrecência

Tava eu organizando minhas pastas de músicas, toda compenetrada, quando me deparo com um arquivo do bloco de notas com um texto de meu blog de 2004 jogado numa subpasta que eu nem lembrava de ter criado. Eu costumava guardar meus arquivos do blog quando eu usava internet discada, e por isso, salvava a tempo sempre que sentia aquela tensão toda de estar escrevendo o texto e na hora de publicar a conexão puf, acabava com a graça. Então, eu era uma adolescente de 16 anos, tinha um blog, salvava os arquivinhos em .txt, usava conexão discada. Até aí tudo ótimo. Quando aí, em mais uma das crises existenciais, deletei o blog, e um pouco tempo depois meu pc foi formatado, o que diminuiria as chances de rir de coisinhas bestas escritas no fulgor adolescente quando chegasse a uma idade suficientemente adequada para rir delas. Ainda bem que ainda assim achei isso nos arquivos:

18 de outubro de 2004:
"o carinha do meu colégio, por exemplo. Hoje eu acho ele o maior cafona e me arrependo de ter um dia ter ficado com ele. Ele é tão sem-graça, tão bobo. Faz piadinhas infames e acha isso o maior bacana. Ele nem é tão bonito assim. Mas ganha de chatice e mau gosto. Ele foi ao show do Capital Inicial, oras. Tem coisa mais broxante que isso?"

-

25 de novembro de 2004:
"Naquele momento eu não acreditava 100% no amor, ainda mais em um amor adolescente, pois eu achava que aquilo não existia. Aquilo foi se tornando insustentável e ele fazia cobranças e tinha umas idéias muito sessentistas pro meu gosto. E estava todo bacanão e fazendo o tipo legal oferecendo ajuda, que eu nem pensava em pedir, ou melhor, que eu nem me preocupava, mas me incomodava pelo simples fato de que outros se preocupassem."

-

26 de novembro de 2004:
"Eu nem fui ao meu curso hoje. Estava com preguiça e a chuva me impediu de sair de dentro de casa. Fiquei vendo Clube da Luta pela décima terceira vez. Eu gravei em uma VHS e havia esquecido dentro do video-cassete. Só fiquei babando vendo esse filme que só confirma que o Edward Norton é mesmo o meu ator preferido do mundo todo."

(...)

Agora só falta descobrir como o textículo acabou sobrevivendo a toda a seleção natural bloguística exercida...

ouvindo: Astor Piazzolla - Libertango (nossa, que velha que eu sou)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Prison Break - sem spoiler (ou não)

Todos estão sabendo que desde o início dessa semana, a Globo resolveu exibir a primeira temporada da série "Prison Break". A história se passa na penitenciária de Fox River, onde o condenado à morte Lincoln Burrows espera sua execução. Seu irmão, Michael, num ato de desespero e incrédulo no crime que seu irmão supostamente cometeu (já que o mesmo foi metido em uma meticulosa conspiração a qual obriga que ele seja morto o mais rápido possível) assalta um banco e é preso no mesmo lugar que Lincoln. É a partir daí que a história começa a ficar quente. Um plano ambicioso de fuga é organizado na mente de Michael, que não poupa os menores detalhes, desde o desenho do mapa do presídio que está tatuado em suas costas, feito pouco antes de ser preso, até formular um ácido usado para arrebentar grades e que é guardado em um tubo de pasta de dente, uma coisa estilo Macgyver mesmo, só que sem a ideia de explodir a sala do diretor com um palito de dente.

O mais interessante é que não é uma série de suspense e conspiração qualquer, coisa que Lost fez e que hoje em dia não passa de uma sériezinha sonolenta onde só tá faltando aparecer marcianos à procura do Jack pois esse tinha relações estreitas com a Ufologia. Nada disso. Porém, como qualquer seriado de suspense e de tramas intrincadas, uma hora teria um fim, como foi anunciado recentemente. Nada anormal, porém bastante adiado, o que tornou a coisa toda, a partir da segunda e terceira temporada, principalmente, devido à greve dos roteiristas em 2007, bastante entediante, prolongando o enredo ad infinitum e bolando mais uma fuga e a volta de antigos personagens e et al.

De qualquer modo, a primeira temporada, que na minha opinião bate todos os inícios de todas as séries que já vi (até mesmo Lost, mas como dito antes, esse já perdeu o sabor), pode muito bem ser apreciada e agora na tevê aberta, mudando um pouco as notícias em voga tal como aquelas envolvendo o BBB.

E falando nisso, acho que não é apropriado ignorar um pequeno detalhe: a presença em forma tupiniquim do personagem principal do seriado no realiy show (hummmm):


ouvindo: Hefner - God is on my side

sábado, 10 de janeiro de 2009

Discos favoritos de 2008

demorei um bocado pra fazer uma dessas listinhas de final de ano publicadas imediatamente antes do fim de dezembro, mas eu peço desculpas, minha memória ultimamente anda falhando e seria muita injustiça se eu esquecesse de algum álbum que me fascinou em algum momento do ano mesmo que por algum instante.

não gosto mais de top 10, a base agora é nos 5 mais legais que eu ouvi, sem ordem de preferência e sem nenhuma surpresa (ou não):

Portishead - Third
Third

podem dizer o que quiserem, esse disco é lindo de morrer, mas de uma forma diferente da que conhecemos. a estranheza das batidas é algo que me encanta. atenção especial às faixas: "the rip", "hunter" e "machine gun"... daquele jeitinho de portishead todo doce de volta à ativa.

Pulse State - With a Single Step


um disco ótimo reunindo 9 faixas produzidas entre 2003 e 2008 de uma banda nada conhecida, mas muito eficiente no que diz respeito à música eletrônica de qualidade e EBM (electronic body music - resultado da fusão synthpop + industrial, como juntar queijo e goiabada, no sentido de ser uma delícia saca?). lembra o som do VNV Nation, parece ser até uma continuação saudável da discografia do Vitória não Vingança. mas o melhor de tudo: eles disponibilizaram o disco NA ÍNTEGRA em seu site oficial. os nerds musicais agradecem.

Russian Circles - Station


GRRRRRRRRRRR. post-metal, math-rock, post-rock, math-core, que seja, o hífen foi banido mesmo (a não ser que a nova regra ortográfica também se aplique a tags medonhas de usuários sem noção na last.fm). o que me alivia é que a banda, que fez tour com o pelican, seus conterrâneos no ano passado, emerge a esse tanto de rótulos e hipóteses colocados em cima de seu trabalho, que nada mais é do que uma bela idéia do que é o rock instrumental feito com ritmo, sincronizações e vontade de tocar, com isso esbanjando pézinhos em pedais de distorção, repetições ad infinitum e cabeleiras batendo em ritmo alucinante. a capinha também é de dar água na boca, uma fotografia de um grupo de soldados da guerra posando para uma foto que futuramente tornar-se-a uma lembrança a toda uma nação. épico, talvez meu disco favorito do ano, mas só talvez...

The Sound of Animals Fighting - The Ocean and The Sun

um disco de rock, como era de se esperar. me chama a atenção, não só pelo nome criativo, mas também a criatividade desse disco que supera qualquer expectativa de uma fã de rock (como eu), contando com isso com uma infinidade de surpresas e distorções e dedilhados e... oh, estou sendo pernóstica. música pra se ouvir sozinho, com fones de ouvido se agraciando no final de um dia turbulento.

Mogwai - The Hawk is Howling


disco mais do que hipnótico de uma banda que eu particularmente adoro e a qual vou sempre acompanhar. nesse disco, mogwai se propõe a voltar um pouco às origens da banda, lembrando um pouco seu terceiro disco, o "rock action", ora com momentos intensos de sonoridade como em "batcat", segunda faixa do disco cujas guitarras quase destroem a audição do (in)feliz que a ouvir, ora em "thank you space expert", penúltima música pra relaxar um pouco depois de "scotland's shame", essa que é verdadeiramente esfregar o cerebelo na brita. os nomes das faixas também são algo que chamam a atenção, ou talvez o que MAIS chama a atenção no disco a primeira vista, tais quais as apaixonantes "the sun smell too loud" e "i love you, i'm going to blow up your school". (L)

Okey

após o breve recesso final-de-ano-festinha-regrado-a-excessos (só porque eu peguei birra da reforma ortográfica... e não mais poderei fazer do uso do hífen, continuo a provocar a norma gramatical só pra encher lingüiça!). eis que tomo vergonha na cara e continuemos a programação normal deste tão-bem-amado espaço de uso divagador da palavra...

na verdade eu não fiz nada muito útil nos últimos dias a não ser provocar meu irmão ao limite para que ele vá comigo ao show do radiohead, comer um montão de cookies de chocolate que aprendi a fazer, e ouvir todas as músicas que não ouvi no último ano, ou que passaram batidas porque eu estava preocupada com outras coisas. coisas essas que, verdade seja dita, não foram mais nem menos importantes que o assunto em questão.

esse ano, o ano do rato, segundo o famigerado calendário chinês, fazendo um panorama geral, mesmo que esquecendo de boa parte devido à memória ótimamente seletiva desta que vos escreve, foi como qualquer outro, com seus momentos bons e ruins (embora os últimos pra variar ofuscassem os primeiros de uma maneira ou de outra). não nego que foi um ano que me trouxe diversas pessoas fantásticas para junto comigo, as quais, de acordo com uma promessa feita a Santo João Batista, protetor dos amigos e da amizade, não desgrudarão de mim de maneira alguma.

aí você chega e me pergunta: e as tais metas? foram cumpridas?
eu respondo com as seguintes, prometidas em 31 de dezembro de 2007, cumpridas ou não:

- aprender a dirigir: ainda não. alguém tem "coragem" pra vender em conserva?
- criar um bicho de estimação: não estava planejado a chegada de um tão cedo. e logo um mais esperto do que muita gente que eu conheço
- ler 50 livros: nem de perto consegui chegar a essa marca. li 18, e faltando algumas centenas de páginas de mais dois. o resultado, porém, é satisfatório perto dos irrisórios 8 lidos em 2007.
- aprender a ter o hábito de baixar séries de televisão e gravá-las adequadamente de forma organizada: consegui! mesmo faltando mais um milhão de séries que ainda quero assistir (ter só tv aberta em casa é uma merda!).
- se adaptar a uma nova vida, um novo curso, uma nova cidade: sim, salientando os bons hábitos que esses ítens me trouxeram, como beber mais cerveja, por exemplo.
- assistir às missas regularmente: infelizmente, não. minha mãe que o diga...
- criar novos hábitos alimentares: sim, mais bacon, menos alface!
- praticar exercícios físicos regulares: não foi por opção, mas a bicicleta e a caminhada diária foi por extrema necessidade.
- aprender novas línguas (alemão e italiano): alemão eu peguei alguma base, e digo isso do básico do básico, não me peça pra cantar uma letra do Rammstein, por favor! o italiano certamente quero provar nesse novo ano...
- ter planos e, acima de tudo, esperança: talvez o mais importante de todos, que sempre vai fazer parte de qualquer meta, plano, promessa de uma vida melhor, ou que nome você gostaria de dar a isso, e que é melhor do que qualquer coisa.

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